terça-feira, 12 de abril de 2011

Quem não sonhou em ser jogador de futebol...

                Descobre-se nos olhos do homem adulto a dimensão de seus sonhos, sua imperturbável vontade de expandir seus negócios, usar terno e gravata, comprar sapato de couro, casas, iates e arrebatar a mulher do cabelo mais tingido e das ancas mais largas. Poder, poder e mais poder!
                Numa criança, no entanto, não se consegue mensurar, através de seus olhos pequenos e irrequietos, o tamanho do seu desejo, de seu inimaginável desejo de jogar futebol. O mundo é uma porção de terra retangular, em cujas extremidades se localizam alguns desgastados pedaços de madeiras, as traves, tão insistentemente perseguidas durante a partida. O mundo é realmente redondo. O mundo é uma bola.
                Ah, lançar a bola por entre essas traves e marcar um golaço!! Esta é a vida, infantil e alegre, despretensiosa, como um a caneta que se aplica no zagueiro, por entre os inumeráveis campinhos do mundo.
                Os pés descalços, a roupa batida, a efusão dos dos sorrisos e das comemorações são como um quadro de Monet, cheio de cores, luminoso, representando uma cena banal.
                O futebol, de um modo geral, é para a criança como uma forma de mostrar que a luz da vida sempre sobressai em relação à escuridão da morte. O futebol é sonho! Afinal, quem, dentre os mortais, quem, entre padres, coronéis e economistas, como dizia Samuel Rosa, não sonhou em ser jogador de futebol?!

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